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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Mitos e verdades que os treinadores contam



Seu personal é a pessoa ideal para ajudá-la a conquistar seus objetivos na academia, mas algumas de suas dicas podem até prejudicá-la. Confira!

Se seu personal trainer é também seu guru, tome cuidado! A menos que ele tenha formação em alguma área específica de saúde ou nutrição, vale desconfiar de algumas dicas que ele insiste em compartilhar com a galera. Reunimos algumas das bobagens mais comuns que rolam nas academias para que você nunca, jamais, corra o risco de acreditar nelas. Confira!

Mitos

“Se doer no dia seguinte é sinal de que o treino deu resultado.”
MITO - Nem sempre sentirdor após a malhação significa que o esforço surtiu efeito — em alguns casos ela indica até uma lesão. Da mesma forma, sua ausência não sugere umtreino malfeito. “Geralmente, a intensidade é o que regula o aparecimento ou não do incômodo”, adverte Anderson Medina, gerente técnico da Companhia Athletica (SP).

“Se você quer secar, o melhor é passar longe de carboidratos antes da malhação.”
MITO - Para que não falte energia na hora H, faça justamente o contrário, principalmente se a atividade for durar mais de 60 minutos. “Esses alimentos são absorvidos rapidamente pelo organismo e dão força extra para quem vai se exercitar”, explica Luisa Mascarenhas, nutricionista da Food Coach Consultoria Nutricional (SP).

“Transpiração e alta frequência cardíaca são sinais de um bom treino cárdio.”
MITO - Alteração cardíaca bruta não é sinônimo de efetividade. “Aliás, o raciocínio deve ser o contrário. Quando a aluna está sedentária, a frequência cardíaca sobe rapidamente e demora a baixar. Quando essa ordem se altera, aí sim, é sinal de que o treino está funcionando”, garante Alessandra Dianin, personal trainer da Academia Bio Ritmo (SP). É preciso respeitar os limites do corpo para que ele possa se recuperar. O ideal é praticar corrida, que exige bastante da respiração, e aumentar a intensidade aos poucos. “Nossa capacidade aeróbica melhora à medida que o esforço progride”, explica Marcio Kalil, cardiologista (MG).

“Pra fazer a gordurinha sumir tem de se jogar no abdominal.”
MITO - Seu personal quer, com isso, ajudá-la a malhar a musculatura — que pode, sim, ficar trincada se você perder peso. E é aí que está o detalhe: essa técnica, sozinha, não é capaz de eliminar os tão indesejados pneuzinhos. “Abdominais não causam uma mudança significativa no percentual de gordura localizada, apenas fortalecem os músculos do abdome”, conta Luiz Antonio Domingues Filho, educador físico (SP). Para eliminar de vez a gordura extra é preciso alimentar-se de maneira correta e ainda fazer exercícios aeróbicos, como corrida ou natação.

“Quanto mais flexível você for, melhor o resultado do treinamento.”
MITO - A flexibilidade é um pré-requisito básico para a execução tecnicamente correta dos movimentos. Porém, o efeito final dependerá de outros fatores associados. “Existem características motoras que são mais importantes para garantir a eficiência, como a resistência, a força e a velocidade”, afirma Luiz Antonio Domingues. A flexibilidade, no entanto, ajuda a evitar dores lombares e outros desconfortos.

“O calor e os exercícios vigorosos expulsam as toxinas por meio do suor.”
MITO - A função principal da transpiração é regular a temperatura corporal. Nessas horas, perde-se apenas água e sais minerais, principalmente sódio e potássio. “Apesar de ser um mito muito comum, o suor liberado durante a prática de atividades físicas não ajuda a desintoxicar o organismo”, garante Filippo Pedrinola, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM/SP). E não se fala mais nisso!

“Treinar agasalhada faz você suar muito e perder peso mais rápido.”
MITO - Nessas condições, o organismo tende a produzir mais suor mesmo. Por outro lado, você estará perdendo apenas água, e não gordura ou calorias. E pior. Nessa brincadeira, é provável que você acabe com uma bela desidratação, o que, no mínimo, vai levar a uma queda significativa do rendimento. “A pessoa perde peso, mas em forma de água. Três copos já são suficientes para repor todo o líquido que foi eliminado”, pondera Anderson Medina.

“Para não perder massa muscular, treine a cada 48 horas.”
MITO - A manutenção dos músculos depende da intensidade das séries. Se você pega firme na malhação, estabeleça um intervalo maior que dois dias entre cada ida à academia. No entanto, a maioria das pessoas pratica atividades leves e, por isso, precisa suar a camisa com mais frequência. O truque para expandir a massa é intercalar o trabalho dos grupos musculares. “O repouso permite que a síntese de proteína incremente o músculo”, afirma Alessandra Dianin. O organismo precisa de um tempo para se recuperar depois de ser exposto a um agente estressor.

Verdades

“Nunca coma alimentos ricos em fibras e gorduras antes de ir à academia.”
VERDADE - Eles pesam no estômago e causam aquele desconforto momentâneo. “São digeridos de maneira lenta, e não fornecem a energia necessária para a prática de exercícios. Aí o rendimento pode cair”, diz Roseli Rossi, nutricionista da Equilíbrio Nutricional (SP). Ela afirma que o certo é se alimentar uma hora antes do treino. Aposte em sucos de frutas, pão integral com queijo magro, iogurte desnatado, barras de cereal ou até uma vitamina feita com leite de soja. “O leite de vaca é rico em proteínas e demora mais para ser processado”, alerta a nutricionista. As únicas gorduras bem-vindas são as insaturadas, presentes no azeite extravirgem e nos óleos de linhaça, coco e abacate. “Em pequenas quantidades, evitam que o aumento de cortisol no corpo, algo que acontece naturalmente durante a atividade física, prejudique a queima de gordura”, explica Fernanda Granja, nutricionista funcional (SP).

“Depois do treino, aposte na proteína.”
VERDADE - As fontes desse macronutriente — leite e seus derivados, carnes e ovos — recuperam, regeneram e reconstroem os músculos. Porém, para que esses alimentos cumpram essa nobre função, é fundamental que sejam associados a uma porção de carboidratos (vinda das massas, preferencialmente).

“É natural sentir dores musculares logo após o treino.”
VERDADE - Dependendo da intensidade é normal sentir desconforto na região trabalhada. “A sensação é provocada pelo acúmulo de ácido lático no corpo”, explica Luiz Antonio Domingues. Essa substância é a responsável pela fadiga e pela queimação — esses níveis são normalizados de duas a quatro horas após a malhação. Sentir um incômodo por até 72 horas não é sinal de problema. Agora, se depois desse período a dor persistir, fique atenta e procure um médico. “Nesse caso, é essencial investigar se não ocorreu alguma lesão mais séria”, indica Jomar Souza, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE/SP).

“Séries e repetições sempre iguais não trazem os melhores resultados.”
VERDADE - Depois de um tempo na rotina você vai deixar de notar os mesmos efeitos que obtinha no começo em relação à musculatura e à parte cardiorrespiratória. Então, estimule o corpo de formas diferentes, com novos pesos, velocidades e séries. Mas ninguém precisa ser profissional. “O esforço excessivo não é bom, já que a atleta frequentemente se machuca. Trinta minutos por dia já promovem a saúde”, afirma Miguel Akkari, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (SP).

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