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terça-feira, 24 de junho de 2014

Suplemento é ou não é bomba?



bomba2Eles estão cheios de promessas de ganho de massa ou emagrecimento, são adorados pelos grandões das academias, vendidos em lojas especializadas e apresentados em embalagens com letras garrafais, fortes. Mas estão longe de oferecer
perigo. O mercado de suplementação vem crescendo enormemente nos últimos anos, mas a falta de conhecimento ainda gera muita desconfiança.
Muita gente não sabe separar suplemento de droga anabolizante, as chamadas ‘bombas’, ou ainda de remédios que necessitam de prescrição médica. E, mesmo assim, substâncias proibidas ou controladas são usadas de forma indiscriminada até longe de academias, principalmente por quem pretende emagrecer.

Há diferenças claras. Os suplementos são uma espécie de superalimento, ou seja, porções concentradas de determinado macronutriente ou de um conjunto de nutrientes próprio para um determinado objetivo. “Os suplementos alimentares foram produzidos para serem práticos, terem volume reduzido em relação à disponibilidade de calorias e fornecerem macro e micronutrientes sob uma concentração ou com a biodisponibilidade desejada”, define a atleta profissional da IFBB Diana Monteiro.
Um dos mais famosos deles, o Whey Protein, por exemplo, nada mais é que a proteína desidratada do leite. Sabendo que o principal nutriente para a manutenção da massa muscular é a proteína e que o leite em si possui gordura e carboidratos que o tornam calórico, a indústria resolveu isolar a proteína. Assim, ao tomar Whey, o consumidor não está apenas ingerindo uma quantidade muito maior de proteína do que faria caso tomasse um copo de leite – cerca de quatro ou cinco vezes mais, considerando 6g para cada copo – como também evitando essas calorias adicionais.
O mesmo ocorre com a Maltodextrina. O nome pode parecer complicado, mas ela nada mais é que um carboidrato de alta absorção isolado. Um sorvete, por exemplo, cumpre o mesmo papel, mas traz consigo um caminhão de gordura.

bomba2COMPLEMENTO
Isso não quer dizer, no entanto, que devemos viver de suplementos. Como o próprio nome diz, eles devem estar presentes nas dietas como um auxiliar. Quem treina pesado e precisa de cerca de 2g de proteína por quilo corporal diariamente muito dificilmente conseguirá tudo isso apenas com carnes, frango e peixes.
Imagine o tanto de gordura que um indivíduo com peso na faixa dos 80kg, por exemplo, consumiria em cada prato para garantir seus 160g de proteína diários, sendo que cada 100g de peito de frango assado tem 35g do nutriente, assim como 89mg de colesterol?
Outra ajuda é na questão da praticidade. Quem não tem tempo de preparar refeições sob medida, principalmente nos momentos críticos do pré e pós-treino, pode utilizar os suplementos para alimentar-se de maneira correta.
“Suplementos têm a finalidade de reforçar a dieta de praticantes de atividade física, sobretudo aquela de alta intensidade, auxiliando na performance, assim como na saúde destes indivíduos”, define a nutricionista Daniela Martoni, pós-graduada em Nutrição Esportiva. “Também podem ser úteis para quem não pratica atividade física, caso exista a necessidade de complementar a dieta diária com os nutrientes presentes no suplemento; por exemplo: um suplemento à base de proteína de soja pode ser utilizado para complementar a quantidade diária de proteína de um indivíduo vegetariano no caso de não atingir as quantidades ideais via alimentação, ou os suplementos hipercalóricos podem ser consumidos como uma opção de lanche (entre as refeições) para aumentar o aporte calórico da dieta de uma pessoa que deseja aumentar o peso corporal. A Glutamina favorece a proliferação das células do sistema gastrointestinal, atuando na manutenção do sistema imunológico. Por isso os suplementos de Glutamina podem ser utilizados por indivíduos que necessitam reforçar esses sistemas.”
É PARA VOCÊ?
Por enquanto, nenhum segredo. Entretanto, os suplementos não são para qualquer um, nem para qualquer hora, pois é difícil determinar se realmente estamos precisando de um aporte aqui e ali – e é aí que entram os nutricionistas. “É preciso ter atenção e consciência ao se escolher os suplementos, pois, apesar de algumas vezes não possuírem contra indicações, podem não ser indicados em determinados casos. E mesmo sendo naturais, existem doses e períodos aconselhados para seu consumo”, explica Loana Muttoni, bicampeã mundial de Fitness pela IFBB.
Esse é um erro muito comum nas academias: não é porque funcionou para seu colega que vai dar certo para você. “Aconselho a ter sempre indicação e acompanhamento de um profissional no uso e na escolha de um suplemento e não se deixar levar por indicações de terceiros, pois cada um tem um corpo e necessidades diferentes do outro. Então, o que vale para você não vale necessariamente para o outro, e assim por diante”, completa a atleta.
Daniela explica o que os nutricionistas levam em consideração antes de prescrever qualquer dieta, incluindo ou não os suplementos alimentares. “Tipo e intensidade da atividade física diária, comportamento alimentar, idade, sexo, estado anabólico normal de crescimento, gravidez, capacidade de consumir e absorver nutrientes de maneira adequada, possíveis patologias e influências culturais”, informa a profissional.
É importante entender que o suplemento é parte de um todo que vai determinar o sucesso ou não do treinamento, seja qual for o objetivo. Não é porque começou a treinar que tem de suplementar logo de cara. Nem porque não vê resultado no treinamento, a culpa será sempre da alimentação/suplementação. A verdade é que se negligenciar o treino e o descanso e só comer porcaria ou ficar muito tempo sem se alimentar durante o dia, não há milagre que um Whey possa fazer. “Muitas vezes a suplementação auxiliará na melhora da sua alimentação. Nunca podemos avaliar a suplementação como algo isolado da alimentação. Ambos se complementam”, explica o nutricionista Rodolfo Peres, especializado em Nutrição Esportiva.
O treino também é outra variável que pode não estar sendo respeitada. Não há suplemento que gere resultados para quem não pega firme na malhação e prefere ir para a academia ficar batendo papo. Todas as adaptações e benefícios resultantes do treinamento necessitam de um tempo para acontecer. Por exemplo, a hipertrofia muscular é verificada após 4 a 6 semanas de atividade e a força muscular aumenta já na segunda semana de exercícios.
Outro ponto importante é a alimentação. “Deve-se verificar se existe a necessidade de ajustar algo no consumo alimentar, nos horários das refeições e na ingestão de líquidos (hidratação). Então, se todos esses pontos forem observados e mesmo assim apresentar dificuldade na obtenção dos resultados, com certeza os suplementos auxiliarão no alcance do corpo desejado”, lista Daniela.
ENTENDEU?
Então, tudo o que se usa nas academias é suplemento? Caso essa pergunta ainda martele sua cabeça, vamos recapitular: os suplementos são uma categoria de alimento desenvolvido para atender a necessidades específicas, devendo ser prescritos de maneira conjunta com a dieta alimentar por nutricionistas. Isso nada tem a ver com remédios ilegais ou que necessitam de prescrição médica.
De acordo com quem lida com esse meio das academias, desde nutricionistas especializados aos próprios atletas, é fácil separar o joio do trigo. “Suplementação é vendida livremente em lojas de suplementos e farmácias. Já os produtos ergogênicos (ou, popularmente, ‘bombas’) são comercializados no mercado negro ou em farmácias mediante a apresentação e retenção de receita médica”, diferencia Loana. “Suplementos nutricionais são produtos formulados basicamente por carboidratos, proteínas, lipídeos, vitaminas, minerais, Creatina, Cafeína e aminoácidos. São considerados alimentos, mesmo estando na forma de pó, cápsula, comprimido ou líquido”, explica Daniela. “As ‘bombas’ são produtos que contêm substâncias farmacológicas estimulantes, hormônios e substâncias medicamentosas.”
Portanto, aqueles produtos milagrosos indicados pelo boca a boca, que só podem ser adquiridos por meio de ‘um amigo’ ou por sites na Internet, geralmente estão longe de ser confiáveis. Afinal, se não pode estar na prateleira de uma loja e ser comprado livremente, há de se desconfiar! Para evitar ser levado na conversa, vale uma pesquisa prévia e utilizar sempre produtos de empresas idôneas e com o devido registro da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
FIQUE LIGADO
É lógico que sempre haverá aquele ‘colega de academia’ que garantirá que os esteroides não são prejudiciais à saúde, que ele mesmo não teve efeito colateral nenhum e está com o corpo rasgado. Mas nem sempre se trata de algo perceptível a curto prazo. “Os efeitos colaterais acontecem em resposta do corpo a alguma substância estranha. Podem existir aqueles menos aparentes que outras. Um dos efeitos colaterais, por exemplo, que podemos não perceber, é a alteração do fígado, que acontece na sua maioria com o uso de esteroides”, alerta Loana.
“Alguns dos efeitos colaterais se manifestam de forma aguda, como os transtornos de humor ou uma doença infecto contagiosa ocasionada pela via de administração ou aumento de espinhas”, lembra Daniela. “Mas se desenvolvem de forma crônica e só se manifestam depois de algum tempo, como insuficiência renal, esterilidade, hepatite, falência renal ou hipertrofia cardíaca, que pode levar a uma morte súbita causada por arritmias. O uso de esteroides anabolizantes e substâncias medicamentosas nunca é livre de efeitos colaterais.”
Além do eminente risco à saúde, Peres, inclusive, lembra que não é necessário se entupir de drogas para conseguir o corpo sarado. “Observo, muitas vezes, pessoas usando grandes quantidades de drogas para se obter um resultado facilmente factível apenas com dieta e treinamento! O educador físico e o nutricionista devem mostrar para essas pessoas os grandes resultados que são possíveis de serem obtidos por meio de dieta e treinamento.”
bomba3MISSÃO: EMAGRECER 
A grande maioria das pessoas que busca o emagrecimento ignora um dado importante para entender o processo: por quanto tempo cultivou aquela barriguinha, quantas foram as escapadas da dieta, quantas as horas passadas no sofá, na frente da televisão, ao invés de aproveitar o tempo praticando alguma atividade física? Assim como ninguém engorda de uma hora para a outra, o inverso também é verdadeiro.
É lógico que a indústria sabe do caráter emergencial do objetivo de todos. Sabe, também, que, entre batatas fritas e peito de peru, passar o dia inteiro na mamata ou malhar pesado, o caminho do emagrecimento é mais duro do que aquele que leva aos quilinhos a mais. Então, não é de se admirar que as promessas sejam muitas. No entanto, para garantir um emagrecimento saudável e duradouro – em outras palavras, para que isto não seja uma guerra, mas, sim, o início de uma vida melhor – há muito menos segredos do que se pode imaginar.
Refeições balanceadas, bem distribuídas durante o dia e exercício físico. Pode ser duro para alguns, mas não há muito o que inventar em cima disso. A indústria dos suplementos, mais uma vez, dá uma mãozinha com os termogênicos. “De modo geral, eles aumentam a temperatura do corpo, causando uma aceleração na taxa do metabolismo e, consequentemente, ajudando na queima de gordura corporal. Existem alguns alimentos que possuem efeitos termogênicos no organismo, pois gastam mais calorias durante sua digestão”, explica Diana.
Ou seja, mais uma vez trata-se de alimentos que já têm essa propriedade, como o chá verde, por exemplo, concentrada. Nada de remédio ou milagre, como explica Peres. “Não existe nenhum suplemento milagroso para reduzir gordura corporal. Apenas algumas substâncias que apresentam bons resultados na otimização da redução da gordura corporal, como CLA, Ioimbina e Cafeína, por exemplo. Já os medicamentos anorexígenos, além de apresentar inúmeros efeitos colaterais, ainda não oferecem grandes resultados longitudinais, pois normalmente recupera-se o peso perdido após cessar o uso do medicamento”, diferencia o nutricionista.
Eles, os anorexígenos, são os famosos remédios para emagrecer, novamente aqueles prescritos por médicos ou comprados no mercado negro, da mesma forma que as ‘bombas’. E, apesar de terem o uso bastante indiscriminado no Brasil – segundo país, perdendo apenas para os Estados Unidos, em número de usuários – ainda não se tem certeza a respeito de seus efeitos colaterais a longo prazo em vários casos.
Foi com essa justificativa que a ANVISA restringiu a venda de Sibutramina, uma das mais famosas substâncias do gênero, que atua no sistema nervoso central e traz sensação de saciedade. De acordo com o órgão público, mais da metade de toda a Sibutramina produzida no mundo é consumida por brasileiros. Os derivados de anfetamina – Anfepramona, Femproporex e Mazindol – foram retirados do mercado por não haver comprovação científica de sua eficácia e segurança.
“O uso deste medicamento estava se tornando um hábito para pessoas que desejam reduzir o peso corporal, pois ele diminui o apetite. No entanto, observa-se que quando se retira o uso do medicamento ocorre um retorno abrupto do apetite, proporcionando ganho de peso novamente”, explica Peres, que comemorou a decisão. “Finalmente a ANVISA tomou uma atitude. O uso deste medicamento estava se tornando um hábito.” A substância já havia sido proibida na Europa em 2010, após serem observados depressão e irritabilidade e até problemas cardiovasculares graves.
A ANVISA chegou a proibir a venda de Sibutramina, mas voltou atrás após a pressão de médicos. O motivo é complexo: assim como há quem use essas substâncias de forma abusiva e para ter o resultado que conseguiria com dieta e exercícios, há também um outro grupo, dos obesos, que necessita de drogas do tipo para tratar seu quadro, que pode evoluir para uma série de doenças, de diabetes a problemas cardíacos. E não há drogas no mercado que possam substituir essa substância.
Assim, como explica Daniela, a opção foi por um meio termo que visa ao menos o controle de seu consumo. “Foram impostas restrições a sua comercialização: as prescrições deverão ser acompanhadas de um termo de responsabilidade entre o médico e o paciente em três vias, sendo uma para ser arquivada no prontuário do paciente, outra na farmácia e outra com o paciente. Essa decisão foi tomada pelo seu consumo elevado no Brasil, pois foi constatado que havia prescrições abusivas e descontroladas. As novas medidas serão acompanhadas por 12 meses e, após esse período, a comercialização do produto voltará a ser discutida.”
MILAGRES?
Chegou até o final do texto e se sentiu sem saída? Com a melhor das intenções, é por aí mesmo. Tanto um corpo grande e rasgado, quanto magro e esbelto não é conseguido da noite para o dia. É necessário empenho no treino, na alimentação e no descanso. E, se há algo que possa atuar em conjunto com essas variáveis, são os suplementos, legalizados e certificados. “Milagre, só Jesus”, lembra Diana. Nada que o amigo do amigo do amigo possa providenciar.

Fonte: Matéria publicada originalmente na SuperTreino Suplementos e Nutrição 3

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