Adeus ao Ronaldinho Gaúcho |
Saiu do Flamengo pela porta de trás, hostilizado pelo clube que o revelou(grêmio), chegou com olhares cheios de desconfiança, e sai de cabeça erguida pois a sua missão foi cumprida!
Um gigante que precisava se reerguer, um gênio carente de motivação e idolatria. Assim podemos sintetizar um dos casamentos mais felizes da história do futebol brasileiro, Galo e Ronaldinho.
Dizer pra quem foi melhor é como discutir quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. A reciprocidade dessa relação é plena, o Galo voltou a brigar em cima, como é característico de sua centenária história e Ronaldinho voltou a ser venerado e admirado por todos, como é característico de sua brilhante carreira.
Não poderia ser melhor, pra nenhum dos dois. Ronaldinho chegou a um clube de torcida fanática e presente, que abraça seus ídolos de forma única. Além disso, reencontrou um velho amigo que o carregou no colo quando criança, justamente seu comandante, o técnico Cuca, amigo e companheiro de Assis nos tempos de Grêmio.Cuca, inteligentemente, tirou Ronaldo da “escondida” ponta dos tempos de Flamengo e o centralizou, como meia armador e dono do time. Com um esquema tático ofensivo e que ampara o craque, o Atlético tornou-se arrasador, com um futebol bonito e contagiante, brigou pelo título brasileiro e agora briga por tudo que disputa, com Ronaldinho dando show a cada partida.No Atlético, Ronaldinho ganhou a Bola de Ouro da Placar, foi premiado com a convocação para a Seleção Brasileira principal (vestiu a 10 com moral), e voltou a ver seu nome e sua foto nos principais jornais esportivos do mundo, sempre com reportagem positiva. Com o sorriso estampado no rosto, o menino de Porto Alegre joga melhor, porque na verdade, ele não joga, ele brinca. Como qualquer pessoa que joga bola por diversão, Ronaldinho em campo pode parecer qualquer coisa, menos trabalho. Pessoalmente, enxergo prazer, lazer, brincadeira, paixão, amor, e respeito por quem lhe recebeu de braços abertos e o carregou nas costas desde o início.
Ronaldinho Gaúcho comemorando um gol |
Um texto é pouco pra dizer o que o R10, o R49, o Gaúcho, chame como quiser, representa para o Atlético. Na verdade, talvez nem seja possível descrever isso com exatidão. E falando assim, nem nos damos conta de que essa história apenas começou a ser escrita, que ainda está bem longe de terminar, e que os momentos de alegria serão ainda maiores. O ápice da passagem de Ronaldo pelo Atlético ainda não chegou, mas chegará para colocá-lo como o maior da história do clube. E eu vou me orgulhar demais em dizer que o maior jogador da história do meu time, meu maior ídolo, foi Ronaldinho Gaúcho.E hoje, quem é de Belo Horizonte, independente da camisa que veste, sabe que a cidade respira Atlético. Nos bares, escolas, universidades, locais de trabalho, o assunto sempre chega ao jogo do Galo, ao lance do Ronaldinho, ao gol do Bernard, etc. E o dentuço tem culpa demais nisso. Os fundamentalistas alvinegros dividirão o Galo em a.R e d.R, Ronaldinho é um divisor de águas, um marco histórico na vida do Atlético. Com ele tudo mudou, e depois dele nada será igual.
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Assim finalizei um texto sobre Ronaldinho certa vez “com ele tudo mudou, depois dele, nada será igual”.
Nunca tive tanta certeza disso quanto hoje. O baque é pesado, o sentimento é de luto.
Eu que nunca imaginava ver Ronaldinho com a camisa do Galo, reluto em aceitar que ele não a vista mais.
Temos aqueles jogadores que foram fundamentais para a conquista épica da Libertadores, mas se esse menino dentuço de Porto Alegre jamais tivesse vestido a camisa do Atlético, nada daquilo teria acontecido. Por isso eu o agradeço, e agradeço por muito mais.
Obrigado pelo jogo contra o Fluminense, que eu ainda não sei definir se é o mais emocionante da minha vida (a raiva que eu guardava da roubalheira era gigante).
Obrigado por cada lance genial de 2012, eu vou contar pros meus filhos que você arrancou do meio de campo num clássico e fez um dos gols mais bonitos que esse Estado já viu. Pros meus netos eu vou contar, e talvez eles não acreditem, que você deu um chapéu de canela no jogador do Botafogo, ou que você deixou o volante do Fluminense de bunda no chão.
Obrigado pelos dribles e gols maravilhosos da Libertadores mais épica da história. Obrigado por aquela cavadinha em cima do goleiro do Arsenal, o goleiro tava debaixo das traves, como você fez isso, cara? Essa também eu vou contar pros meus filhos.
Obrigado por eu ter presenciado aquele gol no Morumbi, numa oitavas de Libertadores, e ao invés de gritar “eu sou foda” após fazer um gol importante, como sempre fez nos tempos de Barça e Seleção, esbravejou “AQUI É GALO, PORRA”.
Obrigado por nos respeitar, obrigado por se referir a nós assim: “os cara são foda”.
Obrigado por ser mais um de nós, eu sei que você é atleticano agora. Eu sei que você vai voltar aqui pra assistir nosso time jogar.
Obrigado pela melhor viagem da minha vida e de muitos atleticanos, obrigado por nos fazer carregar a bandeira e a camisa do Galo por vários países e sermos reconhecidos a cada canto.
Obrigado pela oportunidade única de ver um gênio com a camisa do meu time, e mais, fazer genialidades com a camisa do meu time, e mais ainda, conquistar o título mais importante possível com a camisa do meu time.
Eu não vou me perder em análises, em querer ouvir quem diz que ele não rendia mais o suficiente. Eu quero idolatrar o Ronaldinho apenas. Ele comanda a massa, ele joga o copo pro alto, foda-se.
Eu falaria e agradeceria por mais mil linhas, e não determinaria o que foi Ronaldinho com a camisa do Atlético. Ninguém vai chegar perto de traduzir o que foi Ronaldinho no Atlético. É sentimento indescritível.
O que eu posso fazer é isso, puxar retratos na minha memória e soltar aqui. Pra desabafar, pra tentar sorrir mesmo na desgraça.
Como questiona a bela canção de Nando Reis, Quem vai dizer tchau? A torcida do Galo nunca dirá, assim como Ronaldinho.
Essa história de amor é eterna.
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